segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Hora do Recreio

A incansável luta pela sociabilidade.
Tem horas que cansa, que dá vontade de desistir e dizer: OK, fica em seu mundo e está tudo certo.
Mas não está. Quero ver meu filho brincando, quero vê-lo se divertindo com os colegas e não trancado em seu mundo de livros e imaginação.

Pode parecer estranho, mas castigo aqui em casa rola com proibição de ler livros.... quem diria!


Desde que chegamos a Curitiba, e ele entrou na atual escola, seus recreios sempre foram assim: dentro de sala. Leva livros e fica lá, sozinho, lendo e viajando nas estorias.


Por várias vezes tentamos convencê-lo que saísse da classe, mas nada. Ele argumentava de diversas maneiras: é muito barulhento lá fora, não gosto de correr, não dá tempo de comer... e por aí ia. Durante 2 anos passou todos os recreios dentro de sala. Eu adorava quando chovia, pois sabia que assim, ele estaria em sala junto com os outros. Essa solidão dele sempre me angustiou e muito.


Em Maio desse ano, depois de todas as tentativas amigáveis: argumentos, pedidos e convites, tomei a decisão junto com a coordenadora: ele estava proibido de ficar na sala de aula durante o recreio. Sala trancada.


Nos primeiros dias ela colocou uma mesa com cadeira proximo a sala dela, um canto mais sossegado do patio e ele ficou lá, com seus livros e sua imaginação.

Reclamou, chorou, quase implorou para que pudesse voltar a ficar na sala de aula e eu finquei o pé e não voltei atrás.

E o tempo passou. E as coisas mudaram. Ao telefone essa semana ela me contou alegre que tinha visto ele correndo pelo patio.

Correndo? Não exatamente, mas quase isso.
Mas já está brincando, já está interagindo.

Conversa no recreio com os amigos, ouve estorias, come seu lanche e se diverte.
A escola finalmente se tornou mais divertida.

Ainda é aquele aluno certinho que nao conversa em sala porque existe a regra do silencio, que não faz bagunça porque não é permitido. Mas ele frequenta o recreio. Conheceu esse momento de lazer somente na quinta serie (ou sexto ano), mas conheceu.

Fez amigos e de acordo com a coordenadora é até popular entre eles.
Mais uma barreira que me lembro da primeira psicologa dizendo: ele nunca terá amigos, terá que ser treinado como a um robô para conseguir dizer bom dia, boa tarde, boa noite. Mulher medonha aquela!

Ele realmente não diz bom dia, ele diz Oi Amigo, e entra sorrindo para dentro da escola.

Limites? muitos ainda, mas não tenho mais medo.. Ele sabe sorrir, e isso é mais que qualquer limite possa derrubá-lo.

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